Cuidar pode ser muito gratificante desde que haja motivação, condições adequadas, esforço moderado, e ajuda de modo a criar momentos de descanso e possibilidade de se cuidar do cuidador. A sobrecarga por sua vez pode criar condições para surgirem maus-tratos.
Pilar, de 76 anos, morava sozinha até que começou a sentir-se desorientada e a perder-se na rua. O médico geriatra informou a família que Pilar sofria de deficiência cognitiva e possivelmente da doença de Alzheimer. Como ela perdeu a capacidade de se cuidar, mudou-se para a casa do seu filho e família. Inicialmente todos ajudavam, mas era Maria, a sua nora, quem realizava os cuidados com mais frequência enquanto olhava em simultâneo pelos filhos e trabalhava por turnos num posto de gasolina. Com o passar do tempo, a saúde de Pilar foi-se deteriorando e uma noite vestiu-se e começou a repetir insistentemente que tinha que sair para ir trabalhar. O seu filho a dada altura descontrolou-se e gritou-lhe. A partir dessa altura Maria começou a espaçar as alturas de fazer a higiene diária à sogra devido à dificuldade da tarefa, e por ser necessário muito tempo. Pilar começou a ter episódios de ansiedade e choro...
Quem são as vítimas de maus-tratos?
As pessoas mais suscetíveis de serem vítimas de abuso são mulheres, pessoas dependentes física ou cognitivamente, e sem familiares ou amigos próximos. Os maus-tratos podem acontecer em qualquer pessoa, mas normalmente afetam as pessoas dependentes nas atividades de vida diária (banho, vestir, comer…) . As pessoas mais frágeis são muitas vezes maltratadas porque são vítimas fáceis.
Sinais que indiciam que alguém está a ser maltratado:
· Falta de higiene evidente, roupas sujas e mau cheiro;
· Sinais de desnutrição;
· Acidentes repetidos;
· Dificuldade em dormir;
· Aparência de depressão ou confusão;
· Perda de peso sem razão;
· Sinais de trauma, como mover o corpo para a frente e para trás;
· Atuar de forma violenta ou agitada;
· Isolamento;
· Deixar de participar em atividades que gostava;
· Lesões, feridas, hematomas simétricos, queimaduras ou cicatrizes no corpo;
· Evidências de abuso sexual;
· Perder dinheiro, fazer movimentos em contas e em títulos de propriedades.
O que fazer em caso de suspeita de maus-tratos?
O abuso de pessoas dependentes não deixa de acontecer por si só. É necessário que alguém se aperceba da situação e ofereça ajuda à vítima.
Em muitos casos, as pessoas que são vítimas de maus-tratos sentem vergonha em fazer a denúncia, são vulneráveis, não têm força nem condições para denunciar os abusos, e temem que caso a pessoa que cuida deles descubra, os abusos piorem.
É essencial falar com a vítima a sós, e imediatamente a seguir questionar o agressor.
Devem seguir-se os seguintes procedimentos:
· Não culpar a vítima;
· Não diminuir a importância dos maus-tratos;
· Pedir o apoio de profissionais de saúde e serviços sociais;
· Investigar danos físicos e emocionais;
· Caso os maus-tratos ocorram em ambiente institucional, deve-se seguir o protocolo de abuso;
· Se os factos forem confirmados, deve-se denunciar ao Ministério Público;
· Solicitar apoio às entidades para aconselhamento e assistência às vítimas de maus-tratos.
Fonte:
https://www.segg.es/pretema.asp?cod=111
Cruz Roja de España
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