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No tempo do bisavô do meu tetravô havia uma tradição que dizia que, quando um senhor ficava velho de mais para trabalhar,  os filhos levavam-no às costas pela serra acima até um casebre e deixavam-no lá abandonado para falecer longe de casa e da família, em paz, julgavam eles. Nessa altura, havia lobos na serra e alguns dos idosos eram devorados pelos animais.

Certo dia, um homem levava o seu velho pai às costas,  subindo a serra, para o largar. Quando chegou ao alto, deitou o pai e, com pena, tapou-o com uma manta que levava, despedindo-se e afastando-se, a pé. De repente, o pai chamou-o. O filho voltou para junto dele. Então, rasgando a manta ao meio,  o triste e resignado velhinho disse-lhe:

- Toma, filho, só preciso de metade.

- Mas...  pai, assim vai ter frio! Fique com a manta inteira.

- Não, filho, leva esta metade; chega-me meia. Guarda a outra parte para quando os teus filhos te vierem cá  abandonar.

O filho pegou na metade da capa e desceu a serra, angustiado. Sentou-se e pensou : " O meu pai tem razão: quando eu tiver a idade dele, os meus filhos também me abandonarão na serra e, acima de tudo,  ele é meu pai." Arrependido, voltou a subir a serra, pôs o pai às costas e levou-o de novo para casa.

A partir desse dia, nunca mais nenhum filho abandonou o seu pai na serra e foi proibida aquela absurda tradição por todas as terras do mundo.

 



Três notas:

1 - Este conto teve como fonte o link https://historiaslindasfeiasfantasticas.blogs.sapo.pt/8910.html.

2 - Não consegui descobrir a autoria do mesmo.

3 - Atualmente as "serras" deste conto são as instituições para pessoas idosas (lares ou ERPIs), com a regra de os filhos espaçarem no tempo cada vez mais as visitas. Porém, é de sublinhar que a institucionalização tem causas complexas e interligadas, e em situações limite de pobreza, abandono e desinserção social, pode ser a melhor solução. A forma de estruturação e organização da sociedade pelo Estado deve ser valorizada na análise deste tema. 

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Na passada sexta-feira, dia 17 de fevereiro, acompanhei a minha mãe a uma consulta médica dentista.

A pessoa que me fez nascer e deu vida, faz amanhã, dia 20 de fevereiro, 92 anos, está cognitivamente bem, mantém a sua autonomia (i.e, capacidade de decisão) plena, mas possui algumas alterações físicas que são resultado natural do processo de envelhecimento. Uma delas é a curvatura acentuada da parte superior da coluna, ou seja: cifose.

Regressemos à consulta.

Depois de entrar no gabinete e se sentar, a médica dentista inclinou a cadeira odontológica até a minha mãe ficar numa posição quase horizontal. A dentista estava a iniciar o processo de desvitalização de um dente quando a minha mãe se sentiu mal. A dentista (excelente profissional) e a sua assistente assustam-se, e pensam chamar um colega médico.

Enquanto isso, o meu olhar de gerontólogo centrado na pessoa como um todo deteta uma - possível - causa da má disposição. A posição da cadeira de dentista seria a indicada se a minha mãe não tivesse cifose, ou, se a cadeira tivesse características ergonómicas adequadas.

Enquanto ajudo a minha mãe a sair da posição de deitada sobre uma estrutura rígida apesar de almofadada, questiono a médica dentista sobre a possibilidade de se colocar uma almofada. A assistente foi buscar uma almofada, a minha mãe acomodou a sua coluna, e a consulta prosseguiu sem mais contratempos.

No final da consulta a médica dentista confirmou (tal foi o susto) que a minha mãe estava bem, e fez questão de afirmar que a almofada passava a fazer parte do gabinete de consulta.

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A American Heart Association destaca a importante relação entre os fatores de risco cardiovascular, e o crescente aumento de doenças cerebrais ou cognitivas. Apesar de as doenças cardíacas continuarem a ser a principal causa de morte em todo o mundo, a análise estatística de 2022 sobre doenças cardíacas e AVCs da American Heart Association, conclui que as doenças do cérebro, especialmente a doença de Alzheimer e outras formas de demência, não só estão a aumentar substancialmente como também estão frequentemente associadas aos mesmos fatores de risco que causam doenças cardíacas, como a pressão alta, obesidade, diabetes e tabagismo.

Está a ser feito um caminho de aprendizagem sobre como algumas formas de demência estão relacionadas com o envelhecimento e também com a má saúde vascular. Muitos estudos mostram que os mesmos comportamentos de estilo de vida saudável que podem ajudar a melhorar a saúde do coração de uma pessoa também podem preservar ou até melhorar a saúde do cérebro. Está a ficar cada vez mais claro que a redução dos fatores de risco para doenças vasculares pode fazer uma diferença real para ajudar as pessoas a viverem vidas mais longas e saudáveis, livres de doenças cardíacas e cerebrais.

 As taxas globais de mortalidade atribuídas à doença de Alzheimer e outras formas de demência nos últimos dez anos (44%) são mais que o dobro do aumento nas taxas de mortalidade por doenças cardíacas (21%) durante o mesmo período. Nos últimos 30 anos (1990-2020), a prevalência global da doença de Alzheimer e de outras demências aumentou mais de 144% e as mortes aumentaram mais de 184%. As disparidades de género, raça e etnia também prevalecem entre as pessoas com problemas de saúde cerebral. Os fatores de risco que contribuem para a doença cardíaca também são a principal causa de morte em todo o mundo e afetam a crescente prevalência global de doenças cerebrais, incluindo acidente vascular cerebral, doença de Alzheimer e demência, de acordo com a American Heart Association e a Stroke Statistics (atualização de 2022, publicado no principal periódico revisto por pares da Associação, Circulation.

 Especialistas dizem que manter um peso saudável, controlar a pressão arterial e seguir outros hábitos de vida saudáveis ​​​​para o coração também contribuem para a boa saúde do cérebro.

A saúde cerebral ideal inclui a capacidade funcional de realizar todas as tarefas pelas quais o cérebro é responsável, incluindo movimento, propriocepção, aprendizagem, memória, comunicação, resolução de problemas, julgamento, tomada de decisão e regulação das emoções. O declínio cognitivo e a demência são frequentemente observados após um acidente vascular cerebral ou doença cerebrovascular. Estudos demonstram que a manutenção de uma boa saúde vascular está associada ao envelhecimento saudável e à manutenção da função cognitiva.

A taxa global de mortalidade por doença de Alzheimer e outras demências está a aumentar mais do que a taxa de mortalidade por doenças cardíacas:

·       A nível mundial, mais de 54 milhões de pessoas tinham a doença de Alzheimer e outras demências em 2020, o que significa um aumento de 37% desde 2010 e de 144% nos últimos 30 anos (1990-2020).

·       Mais de 1,89 milhão de mortes foram atribuídas à doença de Alzheimer e outras demências em todo o mundo em 2020, em comparação com quase 9 milhões de mortes por doenças cardíacas.

·       As mortes globais por doença de Alzheimer e outras demências aumentaram mais de 44% entre 2010 e 2020, em comparação com um aumento de 21% nas mortes por doenças cardíacas.

·       As mortes por doença de Alzheimer e outras demências aumentaram 184% nos últimos 30 anos (1990-2020), em comparação com um aumento de 66% nas mortes por doenças cardíacas durante o mesmo período.

“A taxa global de doenças cerebrais está a ultrapassar rapidamente as doenças cardíacas. A taxa de mortes por doença de Alzheimer e outras demências mais que dobrou na última década em comparação com a taxa de mortes por doenças cardíacas, e isso é algo que precisamos resolver", disse Mitchell S.V. Elkind, ex-presidente da American Heart Association, professor de neurologia e epidemiologia da Columbia University.

Os dados estatísticos de 2022 destacam que:

·       Em uma meta-análise de 139 estudos, as pessoas com hipertensão da meia-idade eram cinco vezes mais propensas a sofrer um declínio na cognição global e quase duas vezes mais propensas a sofrer redução da função executiva, demência e doença de Alzheimer.

·       Quase metade de todos os adultos (47% ou 121,5 milhões) nos EUA tem pressão alta, com base em dados de 2015 a 2018.

·       Em uma meta-análise de estudos longitudinais com até 42 anos de acompanhamento, pessoas com obesidade tiveram três vezes mais risco de demência.

·       O tabagismo está associado a um aumento de 30% a 40% no risco de demência, doença de Alzheimer e demência vascular, de acordo com uma meta-análise de 37 estudos prospetivos.

Ter doenças cardiovasculares também aumenta as possibilidades de desenvolver doenças cerebrais:

·       Em uma meta-análise de quatro estudos longitudinais, o risco de demência associada à insuficiência cardíaca quase dobrou.

·       No estudo da ARIC Neurocognitive (12.515 participantes, idade média de 57 anos, 24% participantes negros, 56% mulheres), a fibrilação atrial foi associada a maior declínio cognitivo e demência em 20 anos.


Fonte:

https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/CIR.0000000000001052


Leia também:

"SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE, OU SERVIÇO NACIONAL DE DOENÇA?" neste link 👉 https://www.cuidador.pt/blogue/349-servico-nacional-de-saude-ou-servico-nacional-de-doenca

“ERA UMA VEZ UMA MULHER COM SETE FILHOS ...” neste link👉 https://www.cuidador.pt/blogue/250-era-uma-vez-uma-mulher-com-sete-filhos-3

“ERA UMA VEZ UMA FÁBRICA INCLUSIVA …” neste link 👉 https://www.cuidador.pt/blogue/14-era-uma-vez-uma-fabrica-inclusiva-2

 

 

 

 

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A fibromialgia é uma doença crónica, de causa(s) ainda desconhecida(s), caracterizada pela presença de dor  generalizada, associada a uma série de pontos dolorosos específicos que auxiliam no diagnóstico.

Frequentemente, está associada ao aumento do cansaço, distúrbios do sono e rigidez matinal musculo-esquelética.

Estudos realizados na Alemanha verificaram que banhos de imersão com óleo de valeriana (erva relaxante) têm um efeito positivo sobre a dor e a insónia. Pessoas pacientes com fibromialgia tiveram melhorias no bem-estar e no sono, e o número de pontos dolorosos também diminuiu.

 

 

O tratamento médico (i.e., clínico) consiste no combate à dor através de analgésicos, anti-inflamatórios e antidepressivos (dada a componente emocional desta doença). 

Como somos seres biopsicossociais, o tratamento deve ser interdisciplinar, e ter em consideração as perspectivas farmacológica, psicológica, reabilitadora - física e educacional - social. A fisioterapia tem como função manter a atividade articular e muscular.

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