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“QUERO IR PARA CASA”

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É frequente os cuidadores de pessoas com demência em geral e Alzheimer em particular ouvirem a frase "eu quero ir para casa" e essa situação provoca especial frustração quando elas já estão em casa.

 

 

A frase "quero ir para casa" não deve ser interpretada à letra, mas sim como um pedido de conforto, e por esse motivo a pessoa que cuida deve relativizar a situação. A resposta deve ser dada com calma, deve-se mudar de assunto e reduzir a ansiedade do familiar doente. A terrível doença que é a demência, além de afetar as diferentes formas de memória, também faz com que o cérebro interprete de maneira diferente as informações percecionadas através dos sentidos. Por esse motivo o cuidador deve tentar descodificar as emoções que levam ao pedido “quero ir para casa” e transmitir conforto e tranquilidade. As sugestões que vão de seguida ser indicadas não devem impedir que o cuidador seja criativo na procura de estratégias, e mesmo que elas não funcionem de início, ele não deve desanimar porque a prática é muito importante na descoberta de soluções.

4 maneiras de lidar com o pedido "quero ir para casa":

1)    Transmita tranquilidade

É importante transmitir calma e conforto. Se o cuidador permanecer calmo, o familiar também se vai acalmar porque vai ser influenciado pela linguagem corporal e pelo tom de voz. Às vezes, a expressão " quero ir para casa" é uma forma de comunicar tensão, ansiedade, medo e necessidade de conforto. Se o familiar gosta de ser abraçado, esse é um bom momento para um grande abraço. Outras pessoas podem gostar de ser acariciados no braço, ombro ou simplesmente sentar-se ao lado. Outras formas de transmitir tranquilidade podem ser, por exemplo, dar um determinado cobertor confortável ou uma boneca de terapia.

2)     Evite contrariar

O cuidador não deve explicar ao familiar doente que já está em casa ou que vive consigo nesse momento. Dar explicações racionais e lógicas a uma pessoa com demência só a tornará mais insistente, agitada e angustiada porque ela não é capaz de compreender de forma normal a informação que está a ser transmitida.

3)     Mude de assunto e distraia

Saber mudar de assunto e distrair é uma técnica que pode ter tanto de difícil como de eficaz. Trata-se de uma habilidade que vai melhorando com a prática e por isso o cuidador não deve desanimar se as primeiras tentativas não correrem bem.

Primeiro, concorde e diga alguma coisa como "está bem, vamos daqui a pouco", ou " boa ideia. Vamos assim que acabar de lavar estes pratos." Desta maneira faz-se o dois em um: não se contraria e acalma-se o familiar. Depois de concordar, o cuidador deve mudar com tato a atenção do seu familiar para atividades agradáveis ​​e distrativas que levem os pensamentos para longe do querer "ir para casa". O cuidador pode, por exemplo, abraçar o familiar enquanto diz "está bem, vamos já" e levá-lo para uma grande janela com uma vista bonita, envolvê-lo numa atividade a seu gosto, preparar um lanche ou uma bebida preferida, etc...

4)    Apele á memória emocional

Outra estratégia é colocar com habilidade perguntas amigáveis abertas que apelem ao sentimento e às memórias emocionais.  O que é memorizado com emoção perdura mesmo com o evoluir da doença, e quem cuida deve tirar partido dessa situação sempre que seja necessário distrair a pessoa doente. Uma boa estratégia de distração (e que também estimula a cognição) é a partilha de memórias positivas através de uma visita a um álbum de fotografias. As perguntas feitas sobre as fotografias não devem ser fechadas para não se exigirem informações que a memória já não tem capacidade de dar porque o resultado seria mais stresse e mais agitação.

E se nenhuma destas estratégias funcionar?

Pode acontecer que apesar das tentativas de o cuidador acalmar ou mudar de assunto o familiar doente não abandone a ideia de “querer ir para casa”. Nessa situação o cuidador pode levá-lo a passear e passar durante o passeio por uma confeitaria. É preciso, no entanto ter em conta que a mudança para ambientes muito movimentados ou com muito barulho também podem provocar ansiedade e agitação numa pessoa com demência. Na eventualidade de não ser possível sair de casa com a pessoa doente, o cuidador pode simular que se está a preparar para sair e dessa maneira acalmar o familiar e ganhar uma oportunidade para redirecionar a sua atenção e pensamento.

 

Baseado na fonte: http://dailycaring.com/3-ways-to-respond-when-someone-with-alzheimers-says-i-want-to-go-home/

 

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